O ESPIRITUALISMO - Manifesto Espiritualista

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LITERATURA GRÁTIS

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Sacrifício

O Sacrifício LucianoRocha


Aquele menino nascido sob a lua cheia, durante o ciclo do iniciado da vida, no mês de bênçãos sobre a Terra, no ano terceiro, aquele menino virara homem.
Esse homem agora tinha uma ligação entre sua coroa e o universo, entre seu coração e o mundo, entre sua carne e seu espírito...
Dono de uma grande tristeza por causa da Terra decidiu: “Vou tomar para mim todos os sentimentos que não sejam bons deste pequeno mundo”.
Neste instante a Terra parou, e todos os sentimentos ruins dos que viviam tomaram um único destino certeiro, atendendo a vontade do que os chamou para si.

Foi assim que aconteceu: O homem sentiu um dor inexplicável, sua pele se rasgava diante de seus olhos, e ele gritou de dor. Suas células se chocavam umas com as outras e seu sangue escorreu como banho em seu corpo. Depois disso o homem se viu em meio a um longo fogo, de tal modo que ao tentar sair, se encontrava em incêndios maiores e intermináveis. Sua garganta quase não conseguia gritar mais.
Em seguida ele se deparou com um abismo no qual caiu ao tentar sair do fogo, caiu e caiu, até atingir o solo e penetrá-lo centenas de metros, moendo sua carne, até ficar travado em um lugar escuro, rígido e frio.

Só ouvia sua própria respiração, e depois de alguns segundos nem isso, apenas um sentimento que crescia e fazia até a dor se afugentar, parecia que seu corpo cobria um planeta inteiro, ele queria sair de dentro do solo, estava ao ponto de explodir.
Foi quando toda a ira se abateu sobre ele, a cólera da fúria, a vertigem do ódio e tudo que compõe uma verdadeira besta humana. O homem rompeu tudo, abriu os braços e gritou liberando sua energia irada, o planeta se espatifou voando pelo espaço em mil pedaços.

O tal homem cresceu e foi ficando gigante a medida que gritava, até se calar e perceber que estava só. A tristeza de estar sozinho e não ter mais nada nem ninguém no universo era mortificante. A dor física não existia mais, somente a dor no interior, triste e sombrio. Nada em volta.
O homem solitário e martirizado se pôs a chamar por Deus...
“Pai de todas as coisas, não quero ficar mais só nesse lugar vazio, não agüento mais sofrer, preciso de tua ajuda!”
Seus olhos então vermelhos e machucados começaram a chorar, e seu pranto escorreu como um rio pelo universo. Por onde passava nutria o cosmo e dali nasceram estrelas e planetas, e tudo que ele conhecia antes se restaurou. Surgiu um sentimento inexplicável que entrou no lugar de todo seu sofrimento, parecia um renascimento, todas suas energias ruins se converteram em algo tão bom que chegava a ser divino.
O homem apenas fechou os olhos e sorriu, e em seus pensamentos disse:
“Agora entendi, não estou só...”

Eram como sinos bem baixos tocando, uma sinfonia monofônica e polifônica, seu corpo flutuava como num sonho perfeito, era sem duvida a paz verdadeira, no coração e no exterior. Quando abriu os olhos o homem estava de volta a Terra, no ponto de partida do qual saiu, então se ajoelhou.
Esse homem agora transmitirá ao mundo a paz e o amor que sente, sem se preocupar com as coisas ruins da vida, pois nunca está só, está em uma verdadeira família, e sendo assim sua energia nunca se esgotará e seu coração nunca parará.

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